Notícias da Região | Explosão
Segunda-feira, 15 de Setembro de 2025
Laudo aponta clima como fator-chave em explosão que matou 9 em fábrica de explosivos
Correio do Ar

A Polícia Científica do Paraná (PCIPR) finalizou, em apenas 19 dias, o laudo que identificou as prováveis causas da explosão ocorrida na planta da empresa Enaex, localizada em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. O documento, elaborado por peritos criminais, apresenta análises técnicas, hipóteses de cenários e recomendações para aprimoramento da segurança no setor industrial.
Segundo o perito oficial Jerry Gandin, da PCIPR, o laudo é abrangente, contemplando diferentes cenários e sugestões para a empresa e para outras do mesmo segmento. “É um documento completo, com a apresentação dos cenários possíveis e inclusive com sugestões para a empresa e para outras do mesmo segmento, de forma a implementar melhorias de segurança”, destacou Gandin. O trabalho integra uma série de ações realizadas em tempo recorde pela Polícia Científica do Paraná e pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
A investigação técnica enfrentou desafios significativos devido à destruição total dos equipamentos e à dificuldade na coleta de vestígios. Apesar disso, os peritos apontaram que a baixa temperatura registrada no momento do acidente — cerca de 3°C — pode ter sido um fator relevante para a explosão. O frio intenso teria favorecido a solidificação do pentolite (mistura de TNT e nitropenta), utilizado no carregamento dos busters. A colisão desses busters contra as bases dos agitadores pode ter provocado a detonação.
O trabalho da PCIPR foi dividido em duas frentes simultâneas. A primeira concentrou-se na identificação das vítimas, utilizando o protocolo internacional DVI (Disaster Victim Identification), da Interpol, normalmente aplicado em desastres de grandes proporções. Paralelamente, foi realizada a análise da explosão, com recolhimento de vestígios, avaliação da área e dos equipamentos, além do estudo de documentos técnicos e projetos da indústria.
“É um trabalho complexo, que foge da análise tradicional da perícia”, explicou Gandin. Para determinar a causa raiz do acidente, foi aplicado o método RCA (Root Cause Analysis), que considera múltiplos fatores contributivos, como clima, condições dos equipamentos e atuação dos operadores.
Investigação policial segue com prioridade e cautela
A Delegacia da Polícia Civil do Paraná (PCPR) mantém a investigação do acidente como prioridade, apurando se houve conduta dolosa ou culposa que tenha contribuído para a explosão, que resultou na morte de nove trabalhadores. Diante da complexidade do caso e do volume de informações técnicas ainda em análise, o inquérito foi prorrogado por mais 30 dias.
“A medida é essencial para que todas as diligências pendentes sejam realizadas com o devido rigor, garantindo que nenhuma hipótese seja descartada sem a devida verificação. O objetivo é entregar à sociedade e às famílias das vítimas um relatório final completo, embasado e responsável”, afirmou a delegada da PCPR, Géssica Andrade.
O laudo da PCIPR é considerado fundamental para subsidiar o inquérito policial, reunindo cenários e causas prováveis, além de fornecer subsídios técnicos e científicos para eventual responsabilização dos envolvidos. O documento também servirá de base para o Ministério Público e para a Justiça no andamento do processo.
Resposta rápida à sociedade
A conclusão célere do laudo soma-se a outras ações realizadas em tempo recorde pelas equipes envolvidas. A identificação das vítimas foi confirmada em apenas nove dias, resultado do trabalho conjunto das equipes da PCIPR, responsáveis pela identificação genética, e da PCPR, que atuou por meio da análise de impressões digitais.
A elaboração do laudo reforça o esforço coletivo de técnicos e peritos criminais, que buscaram oferecer uma resposta rápida à sociedade e, principalmente, aos familiares das vítimas. “Realmente, é um trabalho complexo determinar a causa de uma explosão de grandes dimensões como essa, que aconteceu no último mês. Só foi possível chegar a este resultado com muito trabalho e um amplo contingente de profissionais, o que permitiu alcançar esse objetivo”, ressaltou o perito da PCIPR.
A operação mobilizou aproximadamente 80 profissionais da Polícia Científica, atuando de forma coordenada em diversas etapas simultâneas.
Fonte: CGN